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quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Superdotado de 14 anos passa no vestibular da PUC-PR

Um estudante de apenas 14 anos passou em 22º lugar no vestibular para o curso de engenharia da computação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Charles Reis Ribeiro, identificado como superdotado ainda criança, atualmente cursa o 1º ano do ensino médio e agora terá de entrar na Justiça para ter o direito de freqüentar as aulas na faculdade.

Isso porque a universidade exige que o vestibulando apresente todos os documentos necessários para efetivar a matrícula e, entre eles, está o diploma de conclusão do ensino médio. A matrícula para o curso de engenharia é na segunda-feira (19) e a família de Charles estuda quais medidas poderá tomar.

A superdotação de Charles foi percebida por causa das atitudes diferenciadas na infância. Antes dos 4 anos de idade ele já sabia ler e escrever algumas palavras. Aos 5 anos, na pré-escola, dava opiniões durante as aulas e apresentava comportamento diferenciado dos colegas. Da 1ª à 4ª série do ensino fundamental, achava entediante as aulas e já sabia de cor a tabela periódica de química - disciplina que não fazia parte do currículo das aulas.

"Ele sempre quis comprar livros e mapas. Adorava decorar os nomes dos países e suas capitais. Não queria brinquedos como os outros garotos da idade dele, como bolas e carrinhos. Quando ele tinha 7 anos ele pediu de presente um dicionário", contou Fátima Mendes Rissato, 44, mãe de Charles e professora de pintura em tecido. Segundo Fátima, logo depois Charles quis um dicionário de inglês e outro de espanhol. Autodidata, aprendeu o vocabulário das línguas sozinho.

Quando cursava a 7ª série, ainda em um colégio público de Curitiba, Charles foi encaminhado para um projeto chamado "Bom Aluno", que tem como objetivo incentivar alunos de baixa renda a estudar. Graças ao programa, Charles conseguiu uma bolsa de estudos integral no colégio Bom Jesus, onde ainda estuda.

"Desenvolvi o gosto pela leitura muito cedo e sempre quis me aprofundar nos estudos. Em vez de brincar, preferia ficar em casa estudando. No começo, achava as aulas entediantes porque eu sabia todo o conteúdo. Sofria muito por causa disso, os colegas me zoavam. Atualmente faço terapia e já sei lidar um pouco melhor com a superdotação", contou Charles, que ainda vai prestar vestibular para ciências da computação na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e para engenharia da computação na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Aprofundamento dos estudos
O professor Júlio Inafuco, gestor do colégio Bom Jesus, disse que há dez anos a escola trabalha com alunos que possuem altas habilidades. Atualmente há 18 estudantes com essas características estudando no local, sendo que dois foram identificados como superdotados: Charles e Guilherme.

"O laudo que atesta a superdotação vem de órgãos oficiais, como a Secretaria da Educação. O Charles tem uma forte tendência para a área de exatas e a principal área dele é a física quântica. Para estimular esses alunos a escola mantém grupos de estudo de aprofundamento fora do horário de aula. A gente cria as oportunidades para essas pessoas se desenvolverem ainda mais", contou o professor.

Aos 12 anos no 2º ano do ensino médio


Divulgação Colégio Bom Jesus
Charles (à dir.) passou no vestibular; Guilherme (à esq.) tem 12 anos e está no 2º ano do ensino médio (Foto: Divulgação Colégio Bom Jesus)
Guilherme Cardoso de Souza, 12, também é superdotado e aluno do colégio Bom Jesus. Aos 12 anos, ele cursa o 2º ano do ensino médio e já sabe o que quer prestar no vestibular: química.

A descoberta da inteligência acima da média não foi por acaso. Aos 2 anos, Guilherme se debruçava na mesinha de casa e lia pequenos anúncios publicados no jornal local. Aos 3 anos aprendeu a escrever. Para conseguir se matricular na escola, ele teve que "esconder" que era superdotado.

"Quando eu estava na 1ª série eu corrigi uma professora quando ela escreveu na lousa. Aí as pessoas descobriram. Passei direto para a 2ª série. No ano seguinte, cursei a 3ª e a 4ª série. Aos 9 anos eu estava na 5ª série e depois de fazer uns testes pulei para a 7ª série", disse Guilherme.

Guilherme foi aceito na 8ª série do colégio Bom Jesus com apenas 10 anos. "Ele reunia todos os requisitos. Ele veio encaminhado pela Secretaria da Educação, fizemos alguns testes e constatamos que ele era superior aos demais", afirmou o professor Inafuco.

A vida de superdotado, no entanto, não é simples. "É muito difícil lidar com as diferenças. Na minha sala de aula os alunos têm uma média de 16 anos e eu tenho só 12. Há diferenças físicas e psicológicas, tem coisas que eles acham normais, mas que para mim não fazem sentido. Às vezes me acho estranho, mas procuro sempre conversar com minha mãe e irmãs", disse.

Segundo Guilherme, os colegas de classe "pegaram no pé" porque ele não assistiu ao filme brasileiro "Tropa de Elite". "A classificação indicativa é de 16 anos e eu tenho 12. Não fui e não quero assistir", disse.
FONTE: G1

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