Carta aos jovens

por Clériston Andrade

Quero falar a você que estou chocado. O desfecho trágico do seqüestro ocorrido na cidade de Santo André-SP perturba a qualquer um que convive com jovens todos os dias. Chocado, apesar de notícias dessa espécie, envolvendo pessoas da sua idade, serem cada vez mais comuns. Imagino que, assim como eu, você não ficou insensível ao que aconteceu.

Por isso, quero apelar à sua sensibilidade (se você ainda tem...) e te fazer pensar um pouco mais sobre a vida. Quais têm sido as suas escolhas? Que aventuras têm te atraído? Aonde você quer chegar, levando a vida que tem levado? Quais valores você preserva? De quem você tem ouvido conselhos?

Preciso chamar a sua atenção e te alertar de que a maior parte das suas preferências e das dos seus amigos não levam a um bom destino. A sua cultura tem mentido pra você.

Não, não vale à pena arriscar-se em situações perigosas só porque elas trazem adrenalina. Não, não é a melhor escolha querer transar com alguém que se diz apaixonado, só porque você já quer se mostrar independente na sua idade.

Eu quero te dizer, com toda a franqueza, que nenhum amigo sabe mais sobre vida do que seus pais. Nem você sabe!

Você ainda não amadureceu e, na sua tolice juvenil, só vai perceber isso quando tiver quebrado a cara várias vezes. Isso se a vida ainda te der essa oportunidade.

Preciso te falar, mesmo sem levar muito jeito pra essas coisas: a tua soberba pode te matar! Rebeldia sem causa é coisa de gente que não tem capacidade de raciocinar, gente que se acha o máximo, mas cuja cabecinha é repleta de vento.

Pare de querer ser popular! Sua tolice e presunção podem causar sérios prejuízos ao teu futuro, se ainda há futuro pra você. Quem você pensa que é para achar que pode desprezar a experiência dos que te aconselham a não se envolver com qualquer um?

É muita burrice sua acreditar que todo mundo se apaixona por você, só pelas roupas que veste, pelo celular que usa ou porque malha todo dia. Você deveria valorizar mais as idéias do que um corpo bonito. Pessoas na sua idade, quase sempre, são mais conduzidas pelos hormônios do que pelo juízo. Quanta imaturidade!

Enfim, eu nem acredito que você vai dar trela ao que digo. Mas não podes me roubar o direito de falar o que penso. Aliás, se não quisesse o teu bem, nem falaria. Disso não tenho dúvidas: eu quero o teu bem, mas... E você?!

FONTE: Blog do Coordenador