Bispo encerra greve de fome contra transposição

Dom Luiz Flávio Cappio estava em jejum há 24 dias. Carta anunciando fim da greve foi lida em missa em Sobradinho (BA).

Em missa realizada nesta quinta-feira (19) em Sobradinho (BA), o bispo de Barra (BA) Dom Luiz Flávio Cappio anunciou o fim da greve de fome contra as obras de transposição do rio São Francisco.

Leia íntegra da carta do bispo

"É por vocês que lutaram comigo e trilham o mesmo caminho que encerro o meu jejum", disse ele, em nota lida pelo seu assessor Adriano Martins, durante a celebração da missa campal em frente à igreja de São Francisco, em Sobradinho, onde ele cumpriu a greve de fome, iniciada no dia 27 de novembro.

"Depois desses 24 dias, encerro o meu jejum, mas não a minha luta", afirmou, segundo informações da Agência Estado. O bispo havia sido internado na UTI do Hospital Memorial de Petrolina (PE) na quarta, após desmaiar.

Nesta quinta, ele deixou a unidade e foi para um apartamento. Ele estava presente à missa, mas não tinha condições físicas para ler a carta.

O bispo foi internado na UTI do Hospital Memorial de Petrolina na quarta, após desmaiar.

Nesta quinta, ele deixou a unidade e foi para um apartamento. O boletim médico divulgado nesta manhã informa que o bispo está “hidratado, consciente, orientado e lúcido”, embora com “estado regular, mas frágil”.

Quando desmaiou, Cappio chegou a ficar desacordado por 30 a 40 minutos. "Ele só 'voltou' por ação médica, e demorou a recobrar as condições normais.

Não conseguia falar, não conseguia abrir os olhos, só ouvia", disse Rubem Siqueira, assessor da Comissão Pastoral da Terra, que o acompanha.

Desde que iniciou o jejum, em 27 de novembro, até a última segunda-feira (17), o bispo já tinha perdido oito quilos. Antes de desmaiar, em vez de soro, Dom Cappio vinha ingerindo apenas água. Esta é a segunda vez que o bispo faz greve de fome contra a transposição.

Em outubro de 2005, ele permaneceu 11 dias sem se alimentar em protesto contra o projeto.

A transposição do Rio São Francisco, um antigo projeto que, segundo o governo, pode beneficiar 12 milhões de pessoas, é tratada como uma das principais prioridades do presidente Lula. As obras começaram em junho deste ano.
FONTE: G1