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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Lei que veta animais em pesquisa é fruto de falha no ensino de ciência, diz biólogo

Luiz Eugênio Mello acredita que não há valorização do conhecimento científico no país. Cientistas pedem pressa na aprovação de uma lei federal sobre a questão

O projeto de lei de autoria do vereador de Florianópolis Deglaber Goulart (PMDB) que proíbe o uso de animais como cobaias no município é reflexo da falta de educação científica no país, de acordo com o biólogo Luiz Eugênio Mello, presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe).
A proposta foi aprovada depois que o prefeito Dário Berger (PSDB) perdeu o prazo de 15 dias para apreciação. Berger, no entanto, afirmou que vai entrar com uma ação de inconstitucionalidade para tentar conter a medida.
Mello recebeu a notícia de que o prefeito vai correr atrás do prejuízo com alívio.
“É muito bom. Do ponto de vista pragmático, é o que deveria ter sido feito”, disse ele ao G1.
O cientista apenas lamenta que a questão tenha chegado a esse ponto.
“Na terra de ninguém, todo mundo se sente no direito de fazer lei”, afirmou Mello, ao reforçar que a Câmara de Deputados precisa colocar logo em votação o projeto de lei federal que regulamenta o uso de cobaias em pesquisa científica.
“Enquanto não tivermos uma lei federal, vai ser assim,” diz ele.
Para o biólogo, no entanto, há uma questão mais séria envolvida no problema: a falha na educação brasileira.
O pesquisador lembrou os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avalição de Alunos), divulgados na semana passada, que mostraram que o país tem um dos piores desempenhos em ciência do mundo.
“O nível de conhecimento de ciência dos alunos brasileiros é ridículo. E o da população em geral também”, diz Mello.
“Enquanto isso continuar, vão continuar aparecendo propostas absurdas como essa”, diz ele. O biólogo afirma que é preciso reverter esse quadro e ensinar aos brasileiros o valor do conhecimento científico.
“A população precisa saber que, como disse o Marcelo Frajblat [presidente do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal], quando entrar em qualquer farmácia ela estará escolhendo entre diversos remédios que tiveram, todos, anos de pesquisa com experimentação animal por trás, e que, sem isso, tomar remédio seria uma roleta-russa”, explica. “A pesquisa com animais é imprescindível”, diz ele.

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